Arqueologia da Goma de Mascar




sexta-feira, 16 de junho de 2017

O Chiclete Como Metáfora da Vida

Existem coisas na vida que são simples mas contém em si verdades profundas.

O chiclete é uma delas.

Algumas coisas são feitas para serem efêmeras, passageiras. Não são, por isso só, ruins ou boas. Só não são duradouras. Essas coisas vêm, deixam marcas em nós e se vão lentamente como aquele ônibus maldito que não te esperou depois de você correr mais que o Usain Bolt para chegar ao ponto.

Nós temos a tendência de montar altares para esses momentos e tentar eternizá-los. Mas eles não foram feitos para isso.

São momentos que se vão como a fumaça de  uma Kombi desregulada ou do churrasquinho do parque enquanto você espera seu espeto de frango com bacon que demora uma eternidade para ficar pronto.

Enfim, são como chiclete.

O começo é doce e cheio de surpresas. Enquanto seus dentes e língua(s) trabalham para amaciar e sugar todo o açúcar (caso não seja um Trident) da goma, as sensações percorrem todo o seu corpo. O começo de descobertas e novas emoções inebria nossa mente e nos faz mergulhar num mundo sensorial.

A próxima fase é o meio. Parte daquelas sensações já se foi, mas ainda há ecos das cores e sabores na sua boca. Caso seja um chiclete de menta ou hortelã, ou um daqueles muito ardidos, você ainda sente o frescor quando suga um pouco de ar para dentro. Nesse momento aparece o prazer da mastigação, de rolar a goma de um lado para o outro da boca.

Mas, como tudo no mundo, o sabor se vai por completo. A goma tão esmagada por dentes brancos começa a enrijecer e empedrar. O sabor se torna amargo e estéril. Não é o fim do mundo, é só o fim de tudo...

Assim é a vida. Assim somos nós.

Todavia, não quero terminar esse post num tom aborrecido ou amargurado.

Você sempre pode cuspir essa porcaria no lixo, pegar o pacote e colocar um novo chiclete na boca! A alegria voltou. A esperança venceu o medo! 

A não ser que o pacote tenha acabado, aí é o fim mesmo...






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